A semana passada assisti a um acontecimento académico. Uma amiga minha que estudava em Copenhaga acabou o curso, e fui assistir à defesa da sua tese. Para quem gosta de estas coisas aqui fica o título da tese: “Revealing the dynamics of Galaxy Clusters with X-rays”.
Pois já estava desabituado destes tipo de acontecimentos. Cheguei em cima da hora e já lá estavam todos, os professores e alunos, todo a comer o seu bolinho caseiro e a beber chá ou café. Claro que as despesas da festa são por conta do artista: o aluno que vai terminar o seu curso.
Tudo muito informal, numa sala relativamente pequena, com o pessoal sentado em sofás, ou em cadeiras à volta da mesa, com cópias da tese acessíveis para quem quisesse consultar e fazer perguntas no fim.
A rapariga lá fez a sua apresentação, com bastante nível e com um ou outro momento de descontracção que arrancou sorrisos na sala, mas que eu sei que foram trabalhados, que isto de parecer natural e ter piada dá trabalho.
Um professor do júri acompanhou a tese através do skype, já que estava noutra cidade. Tudo muito tecnológico. Aliás, uma coisa que impressiona é como a Apple consegue vender computadores e equipamentos aqui. Consegui contar uns 5 portáteis da Apple naquela sala e era a única marca presente.
Pois a rapariga, e não é por ser do meu bairro, portou-se bem e acabou o curso com a nota máxima, que aqui na Dinamarca é 12. O sistema de classificação é um pouco esquisito para nós, mas falo disso noutro dia.
Depois da apresentação, momento de relax e de celebração, umas garrafitas de vinho, mais bolo, e fui ver como era o espaço dos alunos que estudam ali. Pois não estão nada mal. Estão uns 4 ou 5 por sala, mas cada um tem a sua mesa, com o seu computador (da Apple, claro), têm copa com micro-ondas, máquina de café, chá, enfim, é quase um ambiente mais de trabalho do que de estudo.
Foi engraçado ver e conviver com aquelas mentes brilhantes que estudam assuntos tão interessantes como buracos negros e a massa do universo. Fiquei com a impressão que o orientador da rapariga gostaria que ela ficasse por ali a trabalhar, mas pode ser que haja oportunidades no futuro, nunca se sabe.
Depois de ultrapassada a prova houve mais uma festa de despedida da rapariga que volta para Portugal, onde através de uma bolsa tem trabalho para os próximos 9 meses. Talvez um dia volte, ou vá para outro lado. Esta geração (que parece que é parva?) tem a Europa toda à disposição, já para não falar do mundo, e por isso é natural que optem por desafios e condições interessantes, apesar da atracção que a nossa casa sempre tem.
Pois foi uma festa agradável, e foi com alguma pena que me despedi dessa amiga, que apesar de não ver muito, sabia que estava alguém por perto que tinha algumas raízes em comum comigo e com quem de vez em quando conversava. Ela estava feliz, e eu percebo o que ela sentia.
Não deve ter sido fácil mais de 2 anos longe de casa, com a dificuldade do estudo, da língua, do clima, da solidão. É claro que há momentos difíceis e sei que ela talvez tenha tido vontade de desistir muitas vezes. Mas resistiu e teve a recompensa por isso, misturada entre o sorriso da conquista e talvez das lágrimas de despedida dos amigos e dos locais a que já chamava seus.
Uma palavra para a mana dela que veio para dar apoio e para a ajudar nesta última semana em Copenhaga. É bom ver uma família unida e que está presente nos momentos importantes.
Enfim, boa sorte para ela, e que corra tudo bem. Por aqui em Copenhaga continua o Inverno, agora com um bocadinho de neve, e continua a haver oportunidades para quem quiser trocar o sol de Portugal pelas terras do Norte.
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